O lobo da estepe

Hermann Hesse

Em “La metamorfose del lobo estepario”, Mario Vargas Llosa destaca como o livro de Hermann Hesse, lá pelos idos dos anos sessenta, foi ressignificado ao ponto de fazer do autor um representante dos jovens inconformados. Quando concebido, o romance se pretendia uma espécie de estudo do sujeito moderno, o que era feito por meio da despersonalização da personagem principal.

Um tema interessante é a transformação desse protagonista. Misantropo, neurastênico, angustiado, solitário e encerrando em si um rancor com o mundo, Harry Heller acaba rompendo o espaço claustrofóbico do próprio eu, partindo para uma aceitação do mundo que ele antes desprezava. Essa passagem, aliás, não se deu pela cultura letrada, pela erudição, pelas aventuras, pela influência dos livros ou da música, tampouco se deu à sombra de Goethe ou Mozart; deu-se pelo auxílio da meretriz – a eterna imagem feminina – uma mulher que, mergulhada no mundo, serviu-lhe de guia para a passagem à vida mundana e real.

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